quinta-feira, outubro 09, 2008

Diz-me qual é o teu carácter (e não o teu sexo), e dir-te-ei quem és
Amanhã, dia 10 de Outubro de 2008, vai ser discutida (finalmente!) e votada no parlamento a proposta de lei que permite o casamento entre “pessoas do mesmo sexo”. Não quero ser pessimista ou agoirenta, porém, muito provavelmente, a votação será desfavorável, porque vivemos num país que (ainda) sofre de muitos condicionalismos (i)morais, que se rege por valores que estão completamente desfasados no tempo, que é refém de uma religião que se apregoa cristã (discriminar, e até condenar, alguém pela sua orientação sexual, é, de facto, uma atitude verdadeiramente cristã, não haja dúvidas), e outros “ques” que levariam o dia todo a ser enunciados. A democracia, apesar das suas virtudes, acaba por se aplicar só a uns (os que seguem a norma, seja em que aspecto for) e não a todos.
Por que razão duas pessoas que se amam, que pagam impostos como todas as outras e que queiram assumir, perante os seus familiares e amigos e perante a comunidade, esse amor não podem fazê-lo, só porque são do mesmo sexo? Para mim, o casamento (civil, entenda-se) é um compromisso que duas pessoas querem – voluntariamente (há situações em que não é por livre vontade, mas não vou agora por aí) – contrair uma com a outra pelos motivos que elas bem entendem, e não para “legitimar” o sexo (digo eu) ou para procriar (como alguém disse)… Que eu saiba há pessoas que se casam e que sabem, ou vêm a descobrir, que não podem ter filhos. Por essa ordem de ideias, o casamento dessas pessoas devia ser anulado, pois elas já não poderão cumprir o desígnio matrimonial (absurdo, não?).
Como costumo dizer, deixemos de lado os nossos preconceitos (sejam eles de que natureza forem) e analisemos a questão de forma objectiva. Chegaremos à conclusão que não faz qualquer sentido esta discriminação imposta pela lei (já basta a discriminação imposta pela sociedade retrógrada em que vivemos). É uma questão de igualdade, de justiça e, até, de liberdade que está em causa, e é por estes “valores” que me bato. Pode parecer, à primeira vista, que pertenço à comunidade gay, tendo em conta o número de vezes que a defendo, mas não é preciso pertencer a nenhum “grupo” específico para se ter consciência das injustiças e do sofrimento das pessoas.
Todavia, esta discussão vai sempre ficar pela metade, porque desta feita, só será equacionado o “problema” do casamento, ficando a faltar ser equacionado o “problema” da adopção por pessoas do mesmo sexo. Continuo a achar que duas mulheres ou dois homens podem amar tanto uma criança, e proporcionar-lhe um ambiente familiar estável e uma vivência feliz, como um homem e uma mulher. A meu ver, nesta matéria da adopção, o que importa não é o género, que nos definiu à nascença, mas o carácter, que nos define na crescença. Oxalá, todos pudéssemos pensar sem nenhum tipo de “censura” a toldar-nos o pensamento…

quarta-feira, outubro 01, 2008

Oh Happy Day(s)
O ser humano é um animal de comemorações: comemoramos nascimentos, falecimentos e até ressurreições; comemoramos o dia da mãe, do pai, da criança, dos avós, dos namorados; comemoramos o fim do ano (se alguém estiver interessado nesta temática do fim de ano, ver o post “Feliz(?) Ano Novo de 01/01/07); comemoramos anos, dias, (horas?) de casamentos, comemoramos o Santo António, o S. Pedro e o S. João; comemoramos factos da nossa história (Restauração da Independência, Implantação da República, Revolução dos Cravos, etc), enfim, tudo serve de motivo para se comemorar e fazer festa (gosto, sobretudo, quando há fogo de artifício).
Hoje foi um dia particularmente pródigo em efemérides. Comemorou-se, num único dia, o Dia Mundial da Música, o Dia Internacional da Terceira Idade, o Dia Nacional da Água (ou da iágua ou da auga, como quiserem). Também se comemora hoje o Dia Mundial do Vegetarianismo, mas sobre isso não se ouviu dizer nada, o que me leva a concluir que há um conluio entre os órgãos de comunicação social e os produtores de carne…
Lamento que, mais uma vez, não se tenha feito uma divulgação significativa do vegetarianismo (há algumas iniciativas, promovidas por algumas entidades – www.semanavegetariana.com – nada mais). Acho que ainda há muitos mitos e receios infundados no que diz respeito, sobretudo, à alimentação vegetariana, que poderiam ser esclarecidos através, por exemplo, de programas televisivos em que o tema fosse abordado/debatido com seriedade. Normalmente, temos receio do que não conhecemos ou que conhecemos mal, por isso é que uma informação correcta, completa e fundamentada é tão importante para acabar com essa visão negativa.
Para terminar, deixo uma imagem para V/ reflexão.
PS: se essa reflexão vos suscitar comentários impróprios, abstenham-se de os fazer, porque este é um blog (in)decente.

sábado, setembro 27, 2008

"Poliamor - amor sem tabus"
Este é o título de um artigo muito interessante que li há tempos numa revista, publicada mensalmente, que está a celebrar 20 anos de existência em Portugal.
O Poliamor é um "conceito" recente em Portugal, porque, na verdade, ele já vem desde os anos 60 do século passado, momento em que se questionaram os papéis tradicionais de género. Consiste na "substituição do primado da monogamia absoluta (como mandamento), pelo mandamento da honestidade. Pode fazer-se o que se quiser desde que seja consentâneo e não magoe ninguém. No Poliamor não existem receitas de tipos de relacionamentos, temos de as inventar". Quem o diz é Antidote (nick cibernético), uma das pessoas que contribui para o blog http://laundrylst.blogspot.com/ que eu recomendo vivamente, porque não há pior coisa na vida do que ficarmos fechados nos "nossos" mundos "perfeitos", que fazem todo o sentido e que têm todo o "mérito", sendo que tudo o que não se enquadre nesse "esquema" de vida, é (socialmente) inaceitável. Há outras realidades para além da "nossa", tão válidas quanto a "nossa", e que devemos respeitar e até aceitar (desde que se garanta o respeito pela integridade física e psicológica das pessoas, não vejo por que não). Aceitar o que é "diferente" de nós é um sinal de maturidade e de verdadeira humanidade.
No Poliamor é possível amar várias pessoas ao mesmo tempo. Os modelos possíveis são vários: pode existir uma relação em que todos os parceiros são primários, ou uma relação que se baseia numa rede de secundários, ou ainda uma em que existe um primário e vários secundários.
Quanto às "vantagens" do Poliamor, destaca-se o facto de não se "forçar uma relação nos moldes de um amor absoluto". (...) "O ser tudo - presente no amor monogâmico romântico - é uma tarefa sobre-humana que exige um coração poeta, disposto ao sofrimento e muito nobre".
Como se gere o ciúme neste tipo de relações amorosas? Segundo Antidote, há vários níveis de ciúme. "Um, muito primário, que corresponde ao sentimento de posse. (...) Outro é insegurança: medo que o parceiro(a) conheça alguém e desapareça. Mas a promessa de amar até à morte não faz qualquer sentido. O amor (...) não se consegue controlar. (...) Um outro tipo de ciúme é quando sentimos que somos passados(as) para trás".
Depois de ler todo o artigo/entrevista, há uma ideia que, a meu ver, importa realçar, que é esta: "o Poliamor é uma opção de vida válida e não um grupo de gente moralmente duvidosa que quer destruir a instituição casamento".
De facto, o modelo tradicional de relacionamento entre os seres humanos talvez esteja ultrapassado; talvez tenhamos chegado a um estádio da evolução humana em que todos os modelos e váriáveis são possíveis e aceitáveis, desde que se respeite as pessoas. Por que é que toda a gente tem de se casar? Por que é que toda a gente tem de ter filhos? Por que é que uma pessoa não pode optar por ser solteira, sem ser recriminada? Deixemo-nos de hipocrisias e o mundo será um lugar muito melhor para se viver, sem haver pessoas que vivem verdadeiros dramas interiores, apenas porque não se conseguem encaixar no modelo tradicional (que tem muitas falhas) e, por isso, são infelizes e tornam infelizes todos à sua volta...
Que é o homem?
Quem é que já não pensou, pelo menos uma vez na vida, nesta questão? Podemos tentar responder por nós próprios e/ou podemos procurar a explicação com a qual nos "identificamos" mais. Eu encontrei uma em Ortega y Gasset (1883-1955) com a qual me identifico bastante, até porque ele coloca um grande ênfase no "drama" que é o homem e a sua vida e na "luta" que temos de travar com nós mesmos para nos realizarmos. Aqui ficam uns excertos que ilustram a concepção da existência humana do filósofo espanhol.
«El hombre no es su cuerpo, que es una cosa; ni es su alma, psique, consciencia o espíritu, que es tambíen una cosa. El hombre no es cosa ninguna, sino un drama - su vida, un puro e universal acontecimiento que acontece a cada cual y en que cada cual no es, a su vez, sino acontecimiento» (História como Sistema, 1941, VI, 32).
«El hombre es el ente que se hace a si mismo» (ibidem, 33).
«Vida significa la inezorable forzosidad de realizar el proyecto de existencia que cada cual es. Este proyecto en que consiste el yo no es una idea o plan ideado por el hombre y libremente elegido. Es anterior a todas las ideas que su inteligencia forme, a todas las decisiones de su voluntad. (...) Nuestra voluntad es libre para realizar o no ese proyecto vital que últimante somos, pero no puede corregirlo, cambiarlo, prescindir de él o sustituirlo. Somos indeleblemente ese único personaje programático que necesita realizarse. El mundo en torno o nostro próprio carácter nos facilitan ou dificultan más o menos esta realización. La vida es constitutivamente un drama, porque es la lucha frenética con las cosas y aun con nuestro carácter por conseguir ser de hecho el que somos en proyecto» (Goethe desde dentro, 1932, IV, 400).

sábado, setembro 20, 2008

Uma Questão de Confiança
Paris, ”uma cidade onde andar na rua é como andar numa universidade”. Esta frase proferida por Maria Lamas deixou-me a pensar. Como será andar noutras cidades? Roma, uma cidade onde andar na rua é como andar num museu ao ar livre, ao vivo e a cores, apesar dos turistas orientais, que são quase tantos como as "vespas". Atenas, uma cidade onde andar na rua é como andar numa biblioteca, não de livros, mas de monumentos que nos contam muitas histórias. E Lisboa? Como será andar em Lisboa? Hoje em dia é como andar em Copacabana mas sem as palmeiras e a água de côco, é como andar na Costa do Marfim, mas sem clima tropical, é como andar na Índia, sem Taj Mahal, é como andar na Ucrânia, sem os Montes Carpátos. Assim, eu diria que andar em Lisboa é como andar por vários países e culturas diferentes, todos no mesmo espaço, mas não é, definitivamente, como andar numa universidade. Na melhor das hipóteses, é como andar numa escola de 3º ciclo e se for até ao 9º ano, é uma sorte!
À parte isto, e voltando à Maria Lamas...
Esta mulher teve um percurso de vida impressionante. Foi uma das primeiras mulheres jornalistas profissionais e pautou a sua vida pela defesa dos direitos humanos, em geral, e pela emancipação da mulher, em particular. Defendia a igualdade das mulheres "baseada na educação e na independência económica, através do exercício de uma profissão ou de um ofício". Escreveu uma obra de referência, A Mulher no Mundo (1952), organizou exposições, participou em congressos e conferências pelos Direitos da Mulher e pela Paz.
Não consigo perceber por que razão tendo nós em Portugal mulheres de tão alto gabarito em tantas áreas, o seu papel na cena política portuguesa seja tão apagado, quase de figurante... Tirando a Maria de Lurdes Pintasilgo, não me ocorre mais nenhum nome digno de nota. Os meandros da política portuguesa estão confinados ao poder masculino (seja ele hetero ou homo, o que não interessa agora para o caso). É tempo de as mulheres tomarem as rédeas da liderança na política, porque os homens já deram tudo o que tinham a dar (e não foi lá grande coisa). Atenção, não estou a dizer para votarmos em massa na Manuela Ferreira Leite nas próximas eleições, porque se ela for a única mulher candidata, ficamos na mesma ou pior, pois apesar de ser mulher, a sua maneira de fazer política é completamente "masculina" e não é isso que se pretende nem se procura...
Procura-se uma mulher que faça política à maneira feminina, isto é, com ponderação, com sensibilidade, com discursos claros e acessíveis e não uma verborreia de termos técnicos que ninguém entende ou um sucessivo enunciado de medidas "fantasma" que são prometidas, porém nunca cumpridas.... Chega de promessas e de palavras vãs (só para ganhar votos), precisamos de acções! Os homens são muito bons em palavreado, mas quando chega a hora h, normalmente são uma desilusão...
Ponham os olhos nos israelitas. Esta semana foi eleita líder do partido Kadima a ministra dos Negócios Estrangeiros Tzipi Livni, que afirmou há tempos, quando anunciou a sua candidatura: "Quero ser primeiro-ministro e ajo nesse sentido, a fim de proceder a correcções e mudanças (...) porque a opinião pública já não confia nos políticos e é preciso restaurar esta confiança".

terça-feira, setembro 09, 2008

O (Verdadeiro) Pecado
Hoje, no caminho para o trabalho, que faço sempre de transporte público, deparei-me com um navio gigantesco, com cerca de 17 andares (como ouvi um turista francês dizer), atracado no Cais da Rocha, em Lisboa. Olhei para aquele “prédio flutuante” enorme e para as chaminés que estavam no topo (contei 4, pelo menos) e pensei: “A poluição que esta merda não deve fazer! A quantidade de CO2 que esta merda não deve emitir para a atmosfera – já sem falar na poluição dos mares – para uma cambada de cabrões ocidentais fazerem férias num cruzeiro com tudo e mais alguma coisa a bordo: piscinas, casinos, restaurantes, salas de espectáculo, etc, etc, etc. Essas coisas também existem em “terra”, por isso não consigo compreender o fascínio… Será que é por só se ver mar durante não sei quantos dias a fio (sim, porque é pouco o tempo que se passa nas cidades que fazem parte do itinerário)? Será que é pela possibilidade de se enjoar e vomitar até as próprias tripas? Será que é pela adrenalina de “viver” uma tempestade ou o navio chocar contra um iceberg (quem manda a Deus pôr merdas dessas a flutuar no meio dos oceanos? Isso só atrapalha os “cruzeiros”! O que vale é que ao ritmo que os seres humanos poluem o planeta, daqui a pouco tempo esses blocos de gelo deixarão de ser incómodo), tal como aconteceu com o famoso “Titanic”, o barco “inafundável”? Ou será que é, pura e simplesmente, uma questão de exibicionismo, mostrar que se tem dinheiro (muito dinheiro) para gastar numas férias de luxo sobre a água?
E não pensem que estou a dizer isto por ser uma ressabiada que tem inveja de quem pode fazer este tipo de férias! Se me saísse o euromilhões, mais depressa eu gastava o dinheiro a comprar esses navios todos que andam por aí e desmantelava-os. Mas depois ia uma data de gente para o desemprego (as pessoas que constroem os navios, as que lá trabalham, os operadores turísticos que vendem as “viagens de sonho”, as que trabalham nos portos que recebem aquelas bisarmas) e a vida já está tão difícil para o comum dos mortais!
O que é facto é que o ser humano só pensa no seu bem-estar e conforto, nas experiências que pode acumular, nas fotos que pode ostentar aos amigos e até ao mundo inteiro, se quiser, através da internet… Mesmo que isso signifique destruir o planeta, mesmo que isso provoque doenças, como o cancro, por exemplo, devido à elevada taxa de poluição que todos os dias respiramos e ingerimos sob todas as formas (como os alimentos que comemos e a água que bebemos).
Se cada um de nós contribuísse com pequenos e simples gestos, a saber: - fazer a separação do lixo para reciclagem; - tomar banhos curtos e fechar a torneira enquanto se está a ensaboar (quem lava louça à mão também deve ter esse cuidado e aproveitar a água para pôr na casa de banho, por exemplo); - EVITAR OS SACOS DE PLÁSTICO (e isto ponho em letras garrafais, porque são uma praga! Reciclem os sacos – agora há uns nos supermercados mesmo para esse efeito ou “roubem” às vossas avós os carrinhos de rodinhas que elas usam para ir às compras); - evitar gastar energia desnecessariamente (luzes acesas por toda a casa ou no local de trabalho… Se tiverem a sorte de viver numa casa ou de trabalhar num local com muita luz natural, evitem usar a luz eléctrica); - and so on (podia ficar aqui o dia todo, mas cabe a cada um ver em que medida pode contribuir para baixar os níveis de emissão de CO2).
Se cada um de nós estivesse disposto a abdicar de certas “regalias”, como ir tomar o café ou comprar o pão de carro, por exemplo (já nem falo em ir de transportes para o trabalho, porque isso é “coisa de pobre”, de gente da “classe operária”), talvez o planeta durasse mais uns anitos, mas assim, pelo andar da carruagem, só quem tiver dinheiro para emigrar para Marte (por que é que acham que os americanos andam lá metidos? Eles podem ter muitos defeitos, e são dos que mais poluem, todavia, não são parvos) é que se vai safar desta.
Mas estes “ses” que eu acabei de mencionar são, muito provavelmente, utópicos. Cá pra mim, isto só lá vai é com taxas, e pesadas, de preferência (mais pesadas do que o preço da gasolina) para quem cometer atentados contra o ambiente, sejam novos (as fraldas descartáveis usadas pelos inocentes e fofos bebés são das coisas que mais polui, pois não são recicláveis, ao passo que as fraldas à “moda antiga” têm muito mais benefícios – além disso, o ambiente e as carteiras dos pais agradecem), velhos (têm a mania de escarrar para o chão, o que não é nada ecológico!) ocidentais (= cambada de terroristas ambientais), orientais (a nossa sorte é que a maior parte dos chineses é pobre e anda de bicicleta, senão estaríamos seriamente tramados, embora já comece a haver uma classe média emergente na China com dinheiro para comprar carro), particulares, empresas, you name it!
*
A religião católica tem um conceito que, para mim, verdadeira herege, é difícil de entender, pelo menos nos termos em que os católicos o entendem, que é o conceito de pecado. Pecado, na minha óptica “desvirtuada” e “desvirtuadora”, não é foder como se não houvesse amanhã; não é comer uns chocolates a mais que a conta (se bem que eu nem gosto de chocolate, mas compreendo a tortura que é para quem gosta); não é ter inveja ou cobiçar o alheio; não é ser forreta; não é dormir até tarde ao fim de semana e não apetecer fazer nenhum; não é ficar lixado/a da vida, não importa o motivo; não é gostar de me ver com um vestido novo, giro, que até me fica bem (é raro achar isto, mas não interessa); pecado é, neste caso, fazer coisas que prejudicam o sagrado planeta Terra que, segundo os católicos, Deus – exímio construtor (tenho de Lhe tirar o chapéu, admito) e gajo “muita” generoso – nos “deu” para habitar.

quinta-feira, agosto 28, 2008

New Chapter
Depois da "Battle of the sexes" como muito bem referiu a minha Amiga V., venho hoje aqui por outros motivos. Vi há pouco a entrevista do Nelson Évora no jornal da SIC e fiquei impressionada com a simpatia, a humildade, o profissionalismo, o bom carácter e bons valores deste jovem atleta português. Ele é, sem dúvida, um exemplo para as gerações mais novas, mas é também um exemplo para as restantes gerações.
A simpatia é algo que ou é inato nas pessoas ou não é, mas nunca deve ser forçado, porque soa sempre a falso. Eu prefiro um autêntico antipático do que um falso simpático...
A humildade constitui uma atitude perante a vida e perante os outros que muito pouca gente tem. E atenção que humildade não é antónimo de ambição ou de alcançar objectivos, pois o Nelson demonstrou muito bem que uma coisa não é incompatível com a outra. Aliás, na minha modesta opinião, uma pessoa quando tem consciência do seu verdadeiro valor não precisa de se exibir por causa disso. Ela própria reconhece-o e isso basta. Não precisa do reconhecimento de mais ninguém. Mas infelizmente, por esse mundo fora, o que não falta são pessoas que fazem questão do "eu sou, eu faço, eu aconteço"...
Em relação ao profissionalismo, será escusado tecer grandes comentários. As pessoas devem ser profissionais e ter brio naquilo que fazem, mesmo quando não têm a profissão que sempre almejaram. Eu tive empregos que nada tinham a ver com a minha formação e vocação, mas isso não serviu de "desculpa" para ser má profissional.
Quanto ao bom carácter e aos bons valores, uma coisa está intricada com a outra, ou seja, normalmente quando uma pessoa tem bom carácter tem bons valores e vice-versa. Os pais e a família têm um papel fundamental nesse aspecto, mas mais uma vez o facto de se ter uma família menos "favorável" não deve servir de desculpa para sermos mal educados e rudes. Nós não aprendemos só com a família, mas com todos os que nos rodeiam e ainda subsistem bons exemplos por aí, felizmente.
Parabéns, Nelson, pela medalha que ganhaste, mas, sobretudo, pela pessoa que és!
E com esta termino (parecia que estava possuída pelo demónio para carregar com tanta imagem)!
E mais isto...
Ainda no seguimento dos posts anteriores, não resisto a publicar isto...
No seguimento do post anterior, acho que é pertinente colocar o texto que se segue e que foi enviado por email pelo meu Amigo C.
REGRAS DE UM RELACIONAMENTO EQUILIBRADO.
Um casal recém casado vai viver em sua nova casa. O homem diz:
- Se quer viver comigo, as regras são: 1) Segundas e terças-feiras à noite vou tomar café com os amigos; 2) Quartas-feiras à noite cinema com o pessoal; 3) Quintas, sextas à noite, cerveja com os colegas; 4) Sábados, pescaria com a turma, retornando domingo pela manhã; 5) E, aos domingos, deito cedo para descansar. Se quer... Quer... Se não quer... Azar!
Então a mulher responde:
- Pra mim só existe uma regra: Aqui em casa tem sexo todas as noites. Quem está, está. Quem não está... Azar!!!!!!!!!!!!!

quarta-feira, agosto 27, 2008

Os solteiros são mais felizes
Não sou eu que o digo (embora o pudesse dizer com conhecimento de causa), mas sim um psicoterapeuta brasileiro (Flávio Gikovate) numa entrevista que deu à revista Sábado e que a minha Amiga F. partilhou comigo.
Este senhor, que parece ser uma pessoa com a cabeça muito bem "arrumada" (também quero ser assim quando chegar aos 65 anos de idade!), conseguiu passar para o papel o que muitos de nós se têm vindo a aperceber, i.e., de que as relações amorosas estão a mudar, em consequência de um novo estilo de vida que está a emergir no mundo moderno.
Como a entrevista é por demais interessante, vou transcrever aqui algumas passagens e cada um, na sua consciência, fará o juízo de valor que lhe aprouver. Se quiserem partilhá-lo comigo, já sabem, sou toda "ouvidos" ;)
O Sr. Flávio Gikovate defende que "amor e romantismo são conceitos que não encaixam no mundo moderno" e explica porquê: "o amor romântico (...) é incompatível com o desejo crescente de individualismo"; "Antes, o amor ganhava à individualidade porque não havia o que fazer com a individualidade. Hoje (...) a individualidade é tão preciosa que ninguém quer (e não deve) abrir mão dela para viver com alguém". O psicoterapeuta acrescenta que "Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afectiva".
À pergunta "Os solteiros são mais felizes?", Flávio responde "São mais felizes que os mal casados. (...) Hoje (...) o mundo é mais favorável aos solteiros. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Pelo contrário, dá dignidade à pessoa (ufa, assim já estou mais descansada!). As boas relações afectivas são parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada a ninguém e ambos crescem".
Quanto aos "mal casados", o psicoterapeuta esclarece: "é muito perigoso depender de terceiros para ser feliz". No seu entender, essa "é uma luta individual".
De seguida, Flávio faz umas afirmações muito curiosas:
1. "No mundo moderno, os homens já não serão protectores, mas sim companheiros de viagem".
2. "Desde o nascimento, temos a impressão de ser uma "metade" (...). Temos de entender que não somos uma metade. No mundo moderno, o amor como remédio não funciona".
À pergunta "E porque é que tantas pessoas se casam várias vezes sem nunca acertar?", a resposta dada pelo psicoterapeuta brasileiro é "Porque insistem na ideia do amor romântico, que une duas metades incompletas, o que é um erro".
De seguida, Flávio faz mais umas afirmações brilhantes:
1. "É preciso conhecer-se a si mesmo e ser capaz de viver sozinho".
2. "Amor significa aconchego físico (pois significa, e é mesmo disso que estou a precisar, mas chiu, não se chibem a ninguém, hein?), amizade é afinidade intelectual".
Em relação às vantagens de as pessoas viverem em casas separadas para não interferirem na liberdade de cada um, Flávio enumera-as: avanço moral, avanço da capacidade de viver sozinho, aprender a resolver a situação de incompletude em si mesmo (...)".
E eis que chegamos à minha afirmação favorita: "individualismo não é egoísmo" (o sublinhado é meu, e quero destacar bem esta ideia, porque muitas vezes nós, os solteiros, somos acusados de sermos pessoas egoístas).
Flávio enuncia em seguida as características de um "relacionamento maduro, com qualidade": "Lealdade, cumplicidade, respeito pelo outro".
Por fim, eis senão quando leio uma frase que contraria a velha máxima "os opostos atraem-se". Flávio afirma peremptoriamente o contrário, ao dizer "A união tem de acontecer entre pessoas semelhantes, com os mesmos planos e projectos" (e como ele tem razão! Não foi à toa que eu terminei um relacionamento de quase 10 anos, mas isso são contas de outro rosário).
De tudo o que afirmou este psicoterapeuta brasileiro na entrevista à Sábado, gostaria de salientar duas ideias. Por um lado, a ideia de que no mundo actual não se pode ver o amor como um remédio para os nossos males. Já estamos numa fase da existência e da evolução humanas em que estamos mais "crescidinhos" e não devemos fazer as coisas por impulso, mas sim de forma consciente, i.e., pensada, reflectida, ponderada. Por outro lado, a ideia de que a felicidade é uma luta individual, ou seja, uma luta interior que não deve depender dos outros (e não é uma tarefa fácil, posso assegurar-vos). Sempre achei que nesta vida devemos ser autónomos ao máximo e em tudo (até na busca da felicidade), mas isso não significa que nos isolemos do resto do mundo. Temos é de crescer interiormente primeiro para depois conseguirmos relacionarmo-nos com sucesso com esse mesmo mundo - não sei se me fiz entender, nem se o que estou a dizer faz algum sentido... Whatever!

segunda-feira, agosto 25, 2008

Mea Culpa

A fauna humana em geral é muito interessante, mas a fauna humana portuguesa, em particular, é ainda mais interessante. Nós, portugueses, sofremos do síndroma de nos criticarmos a nós próprios e de elogiarmos constantemente o que é estrangeiro. "Lá fora é que é bom" ouve-se dizer da boca de muita gente (eu própria já disse/digo isto).

Ora, acho que está na altura de todos nós fazermos um mea culpa e em vez de ficarmos só pelas palavras/críticas passarmos à acção. Talvez fosse boa ideia cada um de nós pensar "O que é que posso fazer para melhorar o país?". É claro que é muito mais fácil criticar e apontar os defeitos (que são muitos, é verdade) do que agir e mudar o que está mal; é mais fácil "fugir" para o estrangeiro porque "o país já não tem solução", "não vale a pena", "aqui não se consegue evoluir", "eu sou bom/boa demais para estar aqui"; é mais fácil atirar as culpas pra cima dos outros, embora todos tenhamos culpas no cartório. Sim, todos, mesmo as mentes mais "iluminadas", eu atrever-me-ia a dizer, sobretudo as mentes mais "iluminadas", aquelas que puderam prosseguir os estudos e que ganham um ordenado acima da média. Temos de ser realistas: não são as pessoas que têm pouca instrução (algumas porque não se quiseram dar ao trabalho, é certo, mas outras porque as circunstâncias da vida não o permitiram) e que recebem o ordenado mínimo nacional que vão operar as mudanças (tão necessárias!) neste país - sobretudo, as de mentalidade que, a meu ver, são as mais prementes. Essas pessoas podem e devem contribuir, mas o exemplo tem de vir daqueles que têm consciência da realidade e que se encontram mais apetrechados para levar a cabo essa transformação.

Reiterando as minhas próprias palavras proferidas em posts anteriores... Nunca fui adepta do facilitismo, e sei que é difícil remar contra a maré, por isso mesmo é que aqui é o lugar ideal para se fazer alguma coisa de significativo. Aqui, onde as condições são adversas, e não onde nos dão todas as condições e mais algumas. Aqui é que se colocam os verdadeiros desafios. Falta saber se estaremos à altura de os enfrentar (i.e., se teremos a coragem e/ou a paciência)...

sábado, agosto 23, 2008

Admirável mundo virtual
Há-os singulares ou colectivos, femininos, masculinos, gay, lesbian. Há-os simples ou elaborados, com ligações a outros admiráveis mundos virtuais. Há-os temáticos, de tom confessional, de crítica social, de índole intelectual. Há-os divertidos, sérios, dramáticos, polémicos, irónicos e inconstantes. Há-os unilaterais ou dialogais. Há-os meramente textuais ou mesclados com som e imagens. Há-os de todos os tipos e para todos os gostos. Têm em comum o facto de serem o reflexo dos diferentes mundos que habitam o interior de diferentes seres. Sejam bem-vindos ao admirável mundo da blogosfera.

quinta-feira, agosto 21, 2008

Things to Make and Do

Voz da consciência: Você há muito tempo que não publicava nada por estas bandas...

Eu própria: É um facto. Sabe como é, vêm as férias e ficamos inevitavelmente preguiçosos. Para além disso, também não tenho andado muito inspirada, ou melhor, motivada e como não quero defraudar as expectativas dos (poucos, em quantidade, mas bons, em qualidade) leitores deste blog, achei melhor estar quieta... Às vezes, quando não sabemos o que dizer ou como dizer, mais vale estar calado, não concorda?

Voz da consciência: Isso é subjectivo... Mas diga-me, a que se deve a sua falta de motivação?

Eu própria: A nada e a tudo.

Voz da consciência: Como assim? Pode explicar melhor?

Eu própria: Não, não posso. Há coisas que são só pra nós, ou você é daquelas que diz tudo a toda a gente?

Voz da consciência: Não, só costumo dizer o que é necessário e apenas a uma pessoa.

Eu própria: Ora aí está uma atitude inteligente! E agora se não se importa, vou andando, tenho umas coisas para fazer...

Voz da consciência: Com certeza, esteja à vontade. Então, até à próxima!

Eu própria: Adeus, até à próxima!

Eu própria vira as costas e à medida que se afasta pensa pros seus botões Chiça, esta gaja é uma chata do caraças! Espero não vê-la tão depressa! ...........................................................................................................................................................................

Após este breve intróito de puro non sense, agora sim, retomo a minha actividade de bloguista neste dia 21 de Agosto que mais parece que estamos no Outono... São vários os assuntos que me trazem aqui hoje, por isso é melhor começar já.

  1. Jogos Olímpicos: é certo que a prestação dos atletas portugueses não é a melhor de sempre e também é certo que um atleta não deve ser preparado só a nível físico, mas também a nível mental... A sensação que me dá é que os nossos atletas até são bastantes bons, tendo em conta as condições que eles têm a comparar, por exemplo, com os atletas dos EUA ou da Austrália e afins. Ainda há muitos atletas portugueses que não são profissionais (têm outras profissões e treinam nas horas vagas). Por isso, quanto a mim, há coisas que têm de ser melhoradas, mas neste momento o que tem mesmo de ser trabalhado (e muito) é a preparação mental dos atletas para saberem enfrentar situações de alta competição e não se deixarem intimidar ou com a quantidade de público, ou com os adversários que se sabe à partida que são mais fortes... Eu não percebo nada de desporto de alta competição, mas um atleta tem de estar preparado e não usar como "desculpa" os "nervos" ou as decisões desfavoráveis dos juízes, nem tão pouco fazer afirmações inusitadas como "De manhã eu gosto é de estar na caminha". Isso gostamos todos, mas alguém tem coragem de dizer isso ao respectivo patrão? Ele(a) desatar-se-ia a rir na nossa cara e punha-nos a andar em três tempos... Isto cheira-me um pouco a falta de profissionalismo... Por falar nisso...
  2. Falta de profissionalismo: é como uma praga. Tem-se instalado aos poucos mas já se começa a notar e está por todo o lado. Há casos relatados nos jornais e na televisão, mas o pior é quando temos de lidar com esta falta de profissionalismo quase diariamente. Muitas vezes está associada a uma má formação intrínseca.
  3. A revolução dos sexos: acho que a velhinha guerra dos sexos faz cada vez menos sentido. Hoje, é ver mulheres que parecem homens, quer fisíca, quer psicologicamente (e é pena que se esteja a perder a feminilidade de outras eras); por outro lado, é ver homens que andam mais depilados e mais perfumados do que algumas mulheres (e que perdem o mesmo número de horas nas lojas da roupa como é apanágio do sexo feminino), ao mesmo tempo que o cavalheirismo é algo que pertence cada vez mais ao passado... Acho que as pessoas devem fazer aquilo que bem lhes aprouver, mas não deixa de ser um bocado confuso. Sinais dos tempos, n'est-ce pas?

E enquanto terminava este post, o Nelson Évora ganhou a medalha de ouro ao vencer no triplo salto com a marca de 17.64 metros. Yehhhhhhh! Parabéns, Nelson, bem mereces!

sábado, junho 28, 2008

"A educação é a arma mais poderosa que podemos usar para mudar o mundo"
Nelson Mandela
Não posso estar mais de acordo com esta afirmação do carismático Nelson Mandela. Para mim, a educação torna as pessoas melhores seres, porque nos torna mais tolerantes, mais conscientes, mais solidários com o sofrimento humano e menos egoístas, menos arrogantes, menos passivos. Para outros, será a religião, isto é, a crença numa entidade superior divina, que desempenhará esta função, mas nós temos variadíssimos exemplos na história da humanidade em como a religião, levada aos pontos do fanatismo, pode tansformar seres humanos em monstros desumanos e em nome de um deus, seja ele qual for, serem praticadas verdadeiras carnificinas. Além de que não vejo as pessoas que vão à missa serem melhores do que eu, muito pelo contrário...
Quanto à educação - e perdoem-me se vou puxar a brasa à minha sardinha - que nos permite ser "melhores seres" é, inequivocamente, a educação humanística. Já viram alguém tornar-se mais humano por ser um génio da matemática? No entanto, a maior parte das pessoas que tiveram uma educação baseada nas letras tem uma sensibilidade diferente e contribui de alguma forma para a evolução da humanidade, que não se verifica apenas no plano técnico ou tecnológico, mas também no plano mental.

A arte em geral e a cultura humanística em particular são, a meu ver, os dois eixos fundamentais em que deveria assentar a educação do ser humano, desde tenra idade. Não podemos apenas desenvolver o raciocínio lógico e tornarmo-nos seres frios, calculistas e materialistas...

É evidente que há um outro tipo de educação que é muito importante na formação de um ser humano... A educação que recebemos em casa, dos nossos pais, dos nossos avós, enfim, dos nossos familiares. Mas, neste caso, é uma questão de sorte, pois nunca sabemos o que nos vai calhar na rifa... Porém, a educação é algo demasiado sério para deixar ao acaso. Há que investir de forma contundente em políticas educativas que contribuam para a formação de adultos responsáveis, conscientes das implicações que cada acção sua pode provocar no mundo, para melhor, ou para pior.

quarta-feira, junho 25, 2008

Chegou o Verão...
... E com ele vem o calor, os dias longos, as noites quentes, o sol, o mar, a praia, enfim, é a minha época do ano favorita, ou não tivesse eu nascido no auge do Verão - no dia 10 de Agosto, para ser mais exacta.
O Verão tem, de facto, muitas virtudes, mas, como tudo na vida, também tem os seus defeitos. Por exemplo, Lisboa enche-se de turistas, o que é muito engraçado quando somos turistas e visitamos outras cidades, mas um bocado irritante quando se vive na cidade que é visitada...
Quem anda de transportes públicos está sujeito a sentir com maior intensidade o odor dos passageiros que não cuidam da higiene pessoal...
Quanto à praia... Bom, por que será que as pessoas têm uma tendência - que eu diria quase inata - pra se porem em cima dos outros, mesmo que haja (montanhas de) espaço? Será que têm medo de sentir sozinhas? Ou será que têm uma veia sádica e gostam de torturar os outros com conversas aos altos berros, com bolas, raquetes e afins?
O típico tuga não vai pra praia apanhar sol - com conta, peso e medida, claro - porque faz bem à saúde e evita constipações. Não! O típico tuga vai pra praia pra jogar futebol e comer (se virem grupos de pessoas com grandes "geleiras", a beber cerveja e a falar alto, embora posssam parecer portugueses, na verdade não o são, são brasileiros). Enquanto eu como salada e fruta para ir o maior número possível de vezes à água e não estar preocupada com digestões pesadas, a maior parte das pessoas come sandes bem recheadas, batatas fritas, bolos, gelados, etc...
Depois esta altura do ano também é pródiga em certas figuras caricatas, como os mânfios, por exemplo. Eu utilizo a expressão "mânfio" para caracterizar o macho latino que se passeia pelas estradas ou pelas ruas deste nosso Portugal continental (não posso falar da Madeira nem dos Açores, porque infelizmente não conheço). Na estrada, identificam-se facilmente pelo uso de carros "desportivos", com os vidros corridos, a música bem alta e os óculos escuros fashion. Na rua, como não têm o carro para exibir as suas proezas na condução, limitam-se a abrir a camisa pra mostrar os peitorais e a mandar uns piropos às raparigas jeitosas que passam...
É claro que não posso deixar de referir dois aspectos essenciais inerentes aos meses de Verão lusitanos... Os bailaricos e os casamentos. É ver o país todo em festa - este ano com a agravante do Euro, que foi sol de pouca dura - ao som da música popular! É ver os inúmeros casamentos que se realizam uns atrás dos outros nas igrejas espalhadas pelo país e ouvir as buzinadelas que dão cabo da paz e do sossego dos hereges... Mas haja alegria, porque com os preços dos combustíveis e da comida a aumentarem, com o desemprego a atingir níveis deveras preocupantes e a vida cada vez mais difícil - pelo menos pra alguns - mais vale celebrar antes que isto piore ainda mais...
Dedico este texto à minha grande amiga, F.! Espero não ter gorado as tuas expectativas, amiga.

sábado, junho 14, 2008

E se Deus for gay?!?
Lisboa é, definitivamente, uma cidade gay. É o Chiado gay, são as lojas gay, é o Bairro Alto gay, são os bares e as discotecas gay, é o eléctrico gay, é o comboio gay, é a praia gay... Houve um programa que foi transmitido na RTP1, há alguns anos, sobre o século XX que se chamava "O Século do Povo". Pois eu digo que se deveria fazer um novo programa, desta feita sobre a primeira década do século XXI e, certamente, já estão a imaginar como se chamaria... "O Século Gay". E tal como foi feita, também há uns largos anos, uma exposição no CCB com o nome "O triunfo do Barroco" deveriam fazer uma nova que se chamaria "O triunfo do Orgulho Gay"!
Bom, e depois destas afirmações polémicas (se bem que o melhor ainda está pra vir, fiquem por aí, não se vão embora, hein?) e antes que as associações de defesa dos gays e lésbicas me caiam em cima (salvo seja), devo dizer que não tenho nada contra os gays nem contra as lésbicas. Já tive (tenho?) amigos gays e eram pessoas fantásticas, para além de que sempre defendi as chamadas "minorias" (não gosto muito desta palavra, parece ter um sentido depreciativo, mas não encontro neste momento outro termo). Acima de tudo sou apologista da liberdade de expressão e de respeitar as diferenças, sejam elas de que origem forem.
Posto isto, devo reforçar que não tenho nada contra a comunidade gay, mas confesso que o facto de estarem por todo o lado me deixa cada vez mais desmotivada na minha (vã?) esperança de encontrar o "príncipe encantado", algures numa das Sete Colinas de Lx...
Acho que vou ter de assumir o meu fracasso enquanto mulher e dedicar-me de corpo e alma ao único homem heterossexual disponível que subsiste... A verdade é que em criança eu tinha a (triste) mania de dizer constantemente que iria para freira e, ao que parece, previ antecipadamente o (meu) destino.
Só há um problema... E se Deus também for gay? Aí é que eu vou ficar em maus lençóis!
Sim, Deus pode muito bem ser gay, ou preto, ou fascista (comunista não é de certeza!), ou outra coisa qualquer. Os homens criam Deus à sua medida, e não o contrário...
A (falta de) iniciativa
Perdoem-me, estimados leitores, porque há alguns dias que não é publicado nenhum texto neste bolg, mas estive a desfrutar (finalmente!!!) de uma semana de férias, com muito sol, muitos banhos de mar, muita fotossíntese...
[You missed me, I know, But I'm back again!]
Começo por um assunto que me tem interpelado o espírito por estes dias e que agora partilho convosco...
Iniciativa = acto de ser o primeiro a pôr em prática uma acção, uma ideia, etc. Isto de se ser o primeiro a dizer ou a fazer alguma coisa neste país não é tarefa fácil; é uma tarefa ingrata, inglória, tudo o que possam imaginar que tenha um "in" antes...
É frequente ouvirmos os portugueses a queixarem-se de alguma coisa (nunca de si próprios, curiosamente, à excepção das maleitas que os afectam) ou a criticarem o que quer que seja (do mais importante ao mais curriqueiro dos motivos). Mas o que é facto é que "cão que ladra não morde" e isso aplica-se-nos plenamente.
Por isso quando surge algum doido(a) - como eu, por exemplo - que tem a (infeliz) ideia de dizer o que toda a gente pensa mas não diz (porque não têm coragem de dizer?, porque têm medo do que os outros vão pensar?), é logo chamado(a) de revolucionário(a) - no meu caso, isso já sucede desde os tempos de faculdade, pelo menos que eu me lembre, talvez até antes...
O que eu sei é que alguém tem de ser o primeiro a tomar a iniciativa e se tiver de ser eu que seja, estou-me a cagar para o que os outros pensam ou deixam de pensar, se os vai incomodar ou não... O problema é que a maior parte dos portugueses não está habituado a que alguém irrompa do marasmo geral e tome uma atitude, e rapidamente apelidam essa "ingerência" de revolucionária... Este termo, que é utilizado para designar tudo aquilo que vai contra o estabelecido, tem uma conotação muito particular na sociedade portuguesa, que já vem desde os tempos pré-25 de Abril e pelos vistos está enraizado na nossa cultura...
Como eu já disse num post anterior, é difícil remar contra a maré - pois, muitas vezes, somos insultados, desrespeitados, incompreendidos - mas vá-se lá saber, é mais forte do que eu (decididamente, tenho uma veia masoquista e devia mas era ir ao psicólogo)...
That's all, folks! (Esta só vão perceber os que tiverem à volta de 30 anos)

quarta-feira, maio 28, 2008

Regresso ao Passado
Hoje estava a ouvir a melhor rádio do Planeta (aqui pra nós que ninguém nos ouve, até os extraterrestres de outras galáxias devem estar sintonizados nesta estação emissora – 97.8 fm, pois não há concorrência possível) e eis senão quando é anunciada a vinda dos Rage Against the Machine a Portugal.
Há músicas e bandas que marcam uma geração e esta marcou a minha, em especial a música “Killing in the Name”.
Esta música representava (continua a representar?) a rebeldia inerente aos adolescentes/jovens, numa altura da vida em que temos vontade de ir contra tudo e contra todos, de partir tudo e em que estamos plenamente convencidos que nada nem ninguém nos vai parar. Depois vivemos mais uns anos, amadurecemos e chegamos à brilhante conclusão que é muito difícil (pra não dizer impossível ou que é “suicídio” puro) remar contra a maré, seja ela a nossa família (para o bem e para o mal), a sociedade em que nos inserimos (quer queiramos, quer não), o mundo em que vivemos (pleno de injustiças, animosidades, violência e de pessoas execrandas), a nossa condição humana (temos um princípio, um meio e um fim, inevitavelmente). Todavia, apesar de ser difícil remar contra a maré, podemos sempre tentar fazer a diferença de algum modo, não de forma destrutiva (como na adolescência), mas de forma construtiva (pela vida fora). Dá trabalho (dá muito trabalho mesmo), mas como nunca fui apologista do facilitismo… E até pode ser que recompense, nem que seja a “self satisfaction” de que pelo menos se tentou…
Pequena reflexão espontânea da hora de almoço

Parece que o Mourinho vai (finalmente!) embora de Portugal para Itália para treinar o Inter de Milão...

Perdoem-me a minha ignorância, mas nunca percebi porque é que chamam "special one" a esse senhor...

"Special Ones" são as pessoas que acordam todos os dias às 6 ou 7 da manhã (algumas até mais cedo) para ir trabalhar e receber no final do mês uns míseros 500 ou 600 euros (que têm de ser muito bem geridos) e que fazem das tripas coração para poder sobreviver!

"special one" a ganhar milhares de euros por mês e a ser apaparicado por todos como se fosse Luís XIV, o Rei (arrogante) Sol? Poupem-me!

sexta-feira, maio 23, 2008

Só existimos nos dias que fazemos.
Nos dias em que não fazemos, apenas duramos.
Padre António Vieira
10 anos depois…
Comemoram-se este ano os 10 anos de um dos acontecimentos mais marcantes do século XX a nível nacional: a Expo 98.
[Como é que já passaram 10 anos?!?]
“Eu estive lá” (na altura ainda não havia o Rock in Rio) e pude constatar in loco as mudanças significativas que a zona oriental de Lisboa sofreu para receber tão importante efeméride que deu uma projecção a Portugal só comparável à do mundial de 2006. Tive o privilégio de visitar os vários pavilhões, de andar no teleférico, de subir ao topo da Torre Vasco da Gama e de contemplar aquela vista soberba, de esperar 2h e meia para poder entrar no Oceanário… Lembro-me do espanto que me causaram a famosa “pala” do Pavilhão de Portugal, que hoje passa quase despercebida aos olhos dos transeuntes, o Pavilhão da Utopia (hoje, Pavilhão Atlântico) que mais parecia uma nave espacial acabada de aterrar à beira Tejo e a Estação do Oriente, da autoria de Calatrava, que não deixa de ser uma obra de arquitectura interessante, apesar de alguns defeitos que os utentes da referida estação lhe apontam. Nunca mais me esqueci da inauguração da Ponte Vasco da Gama – a maior da Europa naquela época: um gigantesco almoço, patrocinado por uma conhecida marca de detergentes de lavar loiça, que entrou para o livro dos recordes do Guiness (só mesmo em Portugal para se inaugurar uma ponte a comer uma feijoada!). Inesquecível foi também o dia do encerramento: milhares e milhares de pessoas (eu incluída, embora não gostasse, e continuo a não gostar, de multidões ou de grandes ajuntamentos) assistiram ao espectacular fogo-de-artifício num tempo em que havia dinheiro pra essas coisas… Depois da realização da Expo 98, a grande questão era o que iria acontecer àquele novo espaço dos alfacinhas e habitantes da grande Lisboa: iria cair no esquecimento e no abandono ou continuaria a ser um lugar de referência da capital? Felizmente que hoje, passados 10 anos, não obstante vários problemas que subsistem, há pessoas que vivem, estudam, trabalham, fazem compras, passeiam, assistem a concertos ou a espectáculos de dança, jogam nas slot machines, cantam e dançam no que se chama hoje Parque das Nações.
Houve um outro acontecimento verdadeiramente marcante nesse ano, mas esse de carácter pessoal: a morte da minha avó. Até então (a minha avó morreu no dia 10 de Julho de 1998, um mês antes de eu fazer 21 anos), nunca tinha morrido ninguém que me fosse tão próximo, tão importante e estruturante. Já tinha ido a vários funerais, infelizmente, mas nenhum teve o impacto e a dimensão que este teve, porque quem acabara de morrer era a MINHA AVÓ – a pessoa que me criou, que tomou conta de mim, que me amava incondicionalmente, que me deu com a colher de pau nas alturas em que era preciso (e eu não fiquei traumatizada por isso), que fazia comigo longos passeios, que me levava ao Parque Eduardo VII para apanhar pinhões, visitar a Estufa-fria ou andar naqueles baloiços fabulosos que lá havia, que me comprava farturas na Feira Popular, que me dava pão para os patos dos lagos da Gulbenkian, que jogava comigo às cartas, que me dava chá com torradas ao lanche quando eu chegava da escola (eu odiava leite e na altura não existiam, felizmente, os bolicaos, os donuts e as porcarias que hoje existem), que me dizia que eu estudava demais, que sofria com saudades minhas quando eu ia de férias com as minhas amigas, que me apoiava em tudo, que me consolava quando eu estava triste…
[Como é que já passaram 10 anos desde que partiste, “vó”? Parece que sinto mais a tua falta hoje do que há 10 anos!]
Foi difícil todo o processo por que tivemos de passar até à tua decadência e morte.
Eu conheci a minha avó ainda no “auge” da sua curta vida. Era capaz de mudar de sítio, sozinha, os móveis todos da casa, de maneira que, quando eu chegava a casa da escola, já estava tudo diferente e eu adorava isso (ainda hoje gosto de mudanças, desde que sejam pra melhor, claro)! Sempre admirei muito a minha avó, pois era uma mulher corajosa que, contra tudo e contra todos (família incluída), saiu de casa com uma filha nos braços para não aturar um marido bêbado que lhe batia, partia as coisas e deixava dívidas em todo o lado. Era uma trabalhadora e uma lutadora incansável, nunca deixou que nada faltasse à minha mãe. Era extremamente organizada no que diz respeito ao dinheiro e eu herdei isso (quem tem pouco, tem de gerir muito bem o pouco que tem), assim como a capacidade de fazer contas de cabeça (quando chego à caixa do supermercado, normalmente já sei quanto é que vou pagar! I’m freak, I know…).
No dia em que a minha avó entrou pela última vez no hospital, eu (pres)senti que ela já não sairia dali com vida e no dia anterior à sua morte, eu desejei que ela morresse, pois o seu sofrimento era demasiado. Eu não podia ser egoísta ao ponto de desejar que ela continuasse viva, nem queria ser masoquista ao ponto de continuar a vê-la toda entubada, por muito mais tempo, ali naquela cama de hospital… Já tinha sofrido demais…. A vida tinha-lhe sido madrasta o suficiente.
Obrigada “vó”, por tudo o que fizeste por mim, por tudo o que me deste (não me refiro a coisas materiais), por teres tornado a minha infância uma infância feliz que eu recordo com saudade e carinho.

domingo, maio 18, 2008

A idade da consciência
Ontem foi dia de benção das fitas em Lisboa. Calhou cruzar-me com duas felizes contempladas no eléctrico e enquanto olhava para os seus rostos jovens, cheios de esperança e de sonhos, pensava que também eu já tinha passado pelo mesmo ritual, que também eu já tive um rosto jovem, cheio de esperança e de sonhos...
Os anos passaram. O meu rosto continua a ser jovem (pelo menos por enquanto), continuo a ter esperança num mundo melhor, numa vida melhor (que não passa necessariamente pela aquisição de bens materiais), continuo a sonhar com o príncipe encantado ou desencantado (eu pelo menos gostava de o desencantar nalgum sítio), mas de certo modo perdi a inocência desses tempos e hoje tenho consciência de que, citando uma grande e sábia amiga minha,
"[nem] todas as pessoas são bem intencionadas ou «não fazem por mal». A vida provou-nos exactamente o contrário. Quanto mais velhos, mais gente cínica conhecemos, mais traídos somos nas nossas expectativas de vida, pelas pessoas e por muitas outras coisas; que um dia tudo fica bem. Eu e a Patrícia sabemos que não existem tesouros ao fundo do arco-íris. Talvez não faça mal acreditar nisso. Mas nós não acreditamos que velhas ordens se recomponham. Podem aparecer, isso sim, em forma de uma nova ordem pós-caótica, mas que nada tem a ver com a anterior. Por isso não temos vidas nada parecidas àquelas que tínhamos na faculdade; que perder as pessoas é das maiores lições de vida que temos de aprender a gerir, sobretudo se essas pessoas nos orientavam e eram parte integrante do nosso coração; que podemos perder tudo de um momento para outro, e isso é muito difícil de aprender. Mais uma vez, aprendemos que rapidamente a ordem estabelecida, ou a tentativa de o fazer, pode gorar, ruir; não acalentamos grandes expectativas quanto às pessoas. Só dá desgostos desnecessários. Sabemos que as outras pessoas nem sempre pensam ou sentem o mesmo que nós."
É fundamental termos esta consciência e não estou a querer dramatizar, simplesmente constato que há certas ilusões que são desnecessárias, ao passo que há outras que devemos acalentar, porque são elas que, muitas vezes, nos fazem seguir em frente.
Agradecimento
Quero expressar o meu mais sincero agradecimento às pessoas que têm deixado comentários a alguns dos meus posts, não pelo facto de dizerem "bem", mas pelo facto de deixarem a sua opinião, o que para mim é muito importante. Não há nada que mais nos ajude a "evoluir" do que a troca de ideias e de pontos de vista. De que vale passarmos por este mundo se nos mantemos sempre na mesma, isto é, se pensamos sempre da mesma maneira, se nos mantemos agarrados a certos preconceitos, se não respeitamos o que é diferente de nós?
No seguimento da vertente pedagógica que este blog pretende ter, recomendo vivamente o link que dá título a este post.
Actualmente a nossa vida é tão mecânica (não deixa de ser curioso que um sinónimo para esta palavra é "artificial") e tudo o que fazemos, desde que nos levantamos até que nos deitamos, é tão automático e está tão interiorizado que nem pensamos no como e no porquê das "coisas".
Mas era bom que começássemos a questionar esse "tudo", pois cada gesto, por mais ínfimo que seja, tem consequências. A verdade é que o ser humano, em nome do seu bem-estar e conforto, consome qualquer coisa que lhe facilite a vida, só que entretanto vai destruindo o planeta a um ritmo alucinante, sem precedentes, e que eu saiba, não existe mais nenhum planeta habitável, por isso se dermos cabo deste...
Como diria a personagem Jack Dawson, intrepretada por Leonardo DiCaprio no Titanic, a vida é um dom que não devemos desperdiçar. É melhor começarmos a agir quanto antes, se não que planeta vão herdar os nossos filhos e os nossos netos? Não é justo que as gerações actuais comprometam o futuro das gerações vindouras. Elas têm tanto direito como nós de viver na Terra e de usufruir do dom que é vida.

terça-feira, abril 29, 2008

Uvas sem grainhas
Por que será que hoje em dia há uma tendência generalizada para o facilitismo que até já chegámos ao ponto de ter uvas sem grainhas?
As adversidades, as dificuldades e os desafios fazem parte da vida - têm de fazer parte da vida - para darmos valor ao que é realmente importante, para sermos pessoas com mais carácter.
Como diz o jornalista Pedro Pinto na edição do jornal Metro - vida de pobre é assim, quem anda de transportes públicos não precisa de gastar dinheiro em jornais diários - os jovens de hoje são uma "Geração Amorfa: nada lhes interessa ou os entusiasma, nada os cativa para além do prazer imediato do telemóvel, da próxima saída ou da nova roupa. (...) Estão habituados a ter tudo e a lutar por muito pouco."
E o resultado? Uvas sem grainhas, o mesmo é dizer, pessoas sem substância...
A vida é uma luta constante, pois há imensos adversários, a começar por nós próprios. Nós somos os piores e os melhores adversários que podemos ter. Não devemos enjeitar esta condição, sob pena de nos tornarmos numa Humanidade Amorfa.

segunda-feira, abril 28, 2008

O Sexo Forte
Não, não quero plagiar nenhum programa de rádio matinal. Quero apenas desmitificar um velho equívoco que anda na cabeça das pessoas há alguns anos e que já é tempo de alguém pôr as coisas em pratos limpos (adoro esta expressão!).
Neste fim de semana prolongado, fui com uma amiga minha à praia e um dos nossos temas de conversa foi precisamente o do sexo forte.
É comummente aceite que o homem é o sexo forte. Nada mais errado! E atenção, não digo isto por ser mulher, mas sim porque há factos que comprovam a falsidade desse conceito. Senão, vejamos.
A mulher tem maior capacidade de suportar a dor física do que o homem. Isto é simples de explicar. A mulher é que dá à luz, portanto os mecanismos para suportar a dor física estão mais desenvolvidos. Pelo mesmo motivo - a maternidade - as mulheres têm maior força relativa (sublinho o "relativa") nas pernas do que os homens.
Quanto à "dor" psicológica ou emocional, ao contrário do que se costuma pensar, a mulher também tem mais resistência. O facto de os homens não demonstrarem tanto as emoções, que se deve em parte, é certo, à educação que recebem, não quer dizer que eles consigam lidar melhor com situações difíceis do ponto de vista emocional. Os homens têm muita dificuldade em lidar com a solidão, por exemplo.
A mulher consegue realizar eficazmente várias tarefas ao mesmo tempo, ao passo que os homens têm tendência para se focalizarem apenas numa tarefa.
A mulher identifica de forma rápida e inequívoca os diferentes estados emocionais das pessoas só de olhar para elas. E mais. A área do cérebro que utiliza para o fazer é muito menor do que a utilizada pelo homem.
Mas isto são meros dados científicos, e é claro que os homens também terão capacidades diferentes das nossas!
Porém...
Sejamos sinceras: uma mulher, se quiser, pode fazer gato sapato de um homem. Enquanto os homens estão a ir, já nós fomos e voltámos e tornámos a ir e a voltar. Chamem-lhe intuição feminina ou o que quiserem, mas a verdade é que nós estamos sempre um passo à frente, talvez por atingirmos a maturidade mais cedo?!?
E, meus amigos, acreditem que uma mulher sabe quando vocês andam a mijar fora do penico (também gosto desta expressão prosaica). Ela pode é fingir que não sabe ou preferir ignorar. As razões desse fingimento ou dessa "ignorância", só ela as saberá.
Bem, e não é só nesse campo que as mulheres fingem...
Por falar nisso... Esta minha amiga que foi comigo à praia comprou um vibrador. Sobre a sua nova e surpreendente aquisição, disse-me o seguinte, e passo a citar: "Caro, mas ao menos não tem homem agarrado".
Desde já quero lançar um repto à população masculina heterossexual (que é cada vez mais rara, diga-se de passagem): não se deixem ultrapassar pelos vibradores (e olhem que os há cada vez mais sofisticados). Lutem pelas vossas mulheres, porque elas gostam de vocês na mesma, apesar de elas serem nítida e inequivocamente o sexo mais forte.

terça-feira, abril 15, 2008

"Qualquer um vê que tem uma personalidade excitante [tenho?!?], muito volátil [o título deste blog confirma-o] e bastante impulsiva [acho que já fui mais, a idade vai-nos ensinando umas coisas, ou talvez não]. Resumindo, é uma líder natural [na faculdade chamavam-me revolucionária], a quem é fácil tomar decisões rápidas [praia, praia ou praia? Praia], ainda que nem sempre, as mais correctas [isso é questionável]. Tem um espírito ousado e aventureiro [depende dos dias], experimenta tudo pelo menos uma vez na vida [nem tudo, convenhamos], arrisca e vive grandes aventuras [sim, é uma aventura andar de transportes públicos em Portugal]. Os amigos gostam da sua companhia devido à contagiante boa disposição [isso terão de ser eles a confirmar]."
Resultado de um daqueles testes das revistas, neste caso de uma edição online, sobre o meu envolvimento social...

quinta-feira, abril 03, 2008

Há coisas neste mundo que me irritam e outras que me revoltam, mas quem lê habitualmente este blog já sabe que assim é!
Coisas que me revoltam:
Hoje ouvi na rádio que os processos de adopção vão passar a ter uma taxa de 576 euros. Ora, se já é difícil adoptar uma criança neste país por todos os motivos e mais alguns (é um processo longo, burocrático e quase irrealizável), os nossos fantásticos e inteligentes governantes, em vez de facilitarem a adopção, parecem querer pôr um fim definitivo à mesma.
Normalmente, não são as famílias ricas que adoptam crianças em Portugal. Por dois motivos: ou porque gastam rios de dinheiro em tratamentos de infertilidade ou porque é mais fashion ir a um país asiático ou a um país africano adoptar uma criança como a Madonna e a Angelina Jolie fizeram.
Eu espero que haja o bom senso de não ser cobrada esta taxa, até porque os governantes estão a ver as coisas de modo errado. Quanto mais crianças foram adoptadas, menos encargos terá o Estado.
Coisas que me irritam:
Definitivamente, os portugueses não sabem andar de transportes públicos! Será que é assim tão difícil? Tal como os taxistas tiveram de tirar um curso para exercer a sua actividade, talvez fosse boa ideia dar uns cursos de formação à população em geral no que diz respeito ao uso dos meios de transporte quer rodoviários, quer ferroviários, quer fluviais, que são os que conheço melhor.
Tópicos do curso:
1º - deve respeitar uma fila de pessoas, em vez de se armar em esperto e passar à frente dos outros ou “pôr-se em cima” deles (isto não se aplica só às filas para apanhar o autocarro, aplica-se também às filas do hipermercado, do café, do multibanco, da farmácia, etc, etc, etc); 2º - nas escadas rolantes, deve colocar-se à direita, deixando a esquerda livre para quem quiser passar; 3º - no metro, deve colocar-se na lateral das portas quando o comboio chega para deixar os outros passageiros sairem convenientemente e só depois entrar; 4º - no autocarro, assim que entrar dirija-se imediatamente para uma cadeira ou, caso não haja lugar ou prefira ficar de pé, dirija-se sempre para a parte de trás do autocarro e não fique a bloquear a entrada; 5º - no eléctrico, evite colocar-se nas zonas onde se validam os bilhetes ou nas zonas onde se carrega no stop; 6º - no barco, não se coloque em cima das pessoas que estão preparadas para sair (e se for crente, reze para que não haja uma tempestade ou o barco vá ao fundo); 7º - em qualquer um destes meios de transporte, deverá: tomar banho e pôr desodorizante antes de sair de casa; colocar a mão à frente da boca se tossir ou à frente do nariz se espirrar; abester-se de dirigir comentários impróprios aos outros passageiros.

terça-feira, abril 01, 2008

Selfish Post
Faz hoje dois anos que estou a viver sozinha (ou "comigo mesma", como costumo dizer quando me perguntam "moras com quem?"). E não, não é nenhuma mentira do dia 1 de Abril, é mesmo verdade.
Não deixa de ser interessante a experiência de viver sozinho. Não é para toda a gente, porque é uma prova de resistência diária - resistência à solidão -, é uma luta constante do eu com o eu - umas vezes tenho paciência para me aturar, outras nem por isso -, mas é também uma descoberta de mim própria - como eu sou, com os meus defeitos e algumas qualidades - e isso é algo muito importante. Há pessoas que passam pela vida e nunca se chegam a conhecer a si próprias, porque vivem de, para, com, em suma, em função dos outros.
Acho que já descobri mais sobre mim nestes 24 meses do que em vários anos da minha vida. É claro que o facto de estar a ficar mais velha também ajuda - ajuda-me(nos) a ter uma maior consciência das coisas e a ver o que me(nos) rodeia, e quem me(nos) rodeia, de outra perspectiva e com outra clareza. Como diria o Padre António Vieira numa breve mas clarividente passagem:
“Uma das potências da alma é o entendimento, o qual nunca aumenta e cresce, senão quando já desfalece o corpo; amostra desta verdade é a experiência, pois nunca os homens se vêem mais avultados no entendimento, senão quando muito crescidos nos anos, e para se aumentar aquela potência da alma, parece que com os muitos anos necessariamente se hão-de desfazer as forças do corpo.”
Acho que a (nossa) vida só faz (algum) sentido, se o entendimento aumentar e crescer, não só em quantidade, mas também em qualidade. Só assim poderemos evoluir e tornarmo-nos melhores seres. Ao tornarmo-nos melhores, o mundo será por consequência melhor, e essa devia ser a missão de todo o ser humano, sobretudo dos crentes (sim, dos crentes, leram bem) que, ao contrário dos não crentes, não fazem as coisas sem um interesse ulterior. A eles, dirijo estas palavras sábias do Padre António Vieira:
“O amor fino não busca causa nem fruto.” “Quem ama porque o amam, é agradecido; quem ama para que o amem, é interesseiro; quem ama, não porque o amam, nem para que o amem, esse só é fino.”

sábado, março 01, 2008

"Quando o homem perde a capacidade de escolher, deixa de ser homem"
A Clockwork Orange, 1971

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Breve Apontamento

O presidente de Timor e prémio Nobel da Paz em 1996, Ramos Horta, foi hoje baleado perto da sua residência e encontra-se em estado crítico.

Não, este blog não se tornou numa edição on-line de um jornal, mas quis assinalar o facto porque ele faz-nos (re)lembrar quão valiosas são a vida e a paz, mas ao mesmo tempo tão frágeis...

Nós nunca sabemos o que nos reserva o dia de amanhã e uma coisa é certa: ninguém é imune a nada, nem um presidente que foi Nobel da Paz, nem o comum dos mortais onde eu me incluo. Por isso devemos valorizar cada minuto (para não dizer cada segundo) da nossa vida e da paz em que, mal ou bem, vivemos.

Devemos valorizar as pequenas coisas do dia-a-dia, cada momento de felicidade que partilhamos com aqueles que amamos, e tantas, tantas coisas que desprezamos como se a vida fosse eterna ou intocável… Mas não é.

Lembremo-nos disto e todos os dias olhemos para o mundo como se fosse a primeira vez (e respeitemo-lo), digamos “Eu amo-te” ou “Tu fazes-me muito feliz” antes de ir para o trabalho ou depois de voltar, valorizemos cada palavra, cada gesto, cada olhar, cada sorriso, cada lágrima e espantar-nos-emos com a magia única e irrepetível que é a vida.

Ignorância, a quanto obrigas!

Há duas coisas neste mundo que afligem o meu ser inconstante: a loucura e a intolerância. Uma e outra podem ser verdadeiramente nefastas e até destrutivas.

A loucura é algo muito complexo e muito difícil de lidar. Acho que ninguém está preparado para enfrentar uma situação dessas, só os profissionais.

O mesmo não se passa com a intolerância. Ela só existe devido à ignorância que grassa por esse mundo fora.

A intolerância pode ser de diversos tipos – política, religiosa, social, etc – mas hoje só vou chamar a atenção para a intolerância social, mais concretamente, para a intolerância em relação ao que é diferente de nós.

A este propósito há um livro que toda a gente devia ler que é de um conhecido autor chileno (Luís Sepúlveda) e que se intitula História da Gaivota e do Gato que a ensinou a voar. Através de uma fábula, este autor ensina-nos (as fábulas têm sempre uma moral) a aceitar e respeitar aqueles que são diferentes de nós.

O ser humano tem uma certa tendência, ignominiosa, diga-se de passagem, de achar que ele é que está certo, que aquilo que ele conhece/pensa/faz/sabe (mesmo que seja só uma ínfima parcela da realidade) é que é correcto. Os que pensarem ou fizerem de maneira diferente não são válidos e são frequentemente alvo de chacota.

Vou dar um exemplo muito concreto.

Eu não como carne. Quantas e quantas vezes já senti na pele a intolerância, e a discriminação mesmo, por ser diferente numa coisa tão simples como a alimentação. Eu não quero impor nada a ninguém; se as pessoas querem consumir carne putrefacta (já sem falar na questão do sofrimento dos animais, em particular das vacas, que é um dos meus animais favoritos), com todas as consequências que isso traz para o organismo e para a sua saúde, que o façam: cada ser humano é livre de tomar as decisões que bem entende, desde que não afecte a liberdade dos outros, claro.

O que eu peço é que não “gozem” ou façam afirmações ridículas do género “Não comes carne? Comes o quê então?!?”…

A humanidade ainda tem um longo caminho a percorrer neste campo, mas a história tem provado uma coisa: aquilo que em certa época é visto com desconfiança ou é considerado absurdo, mais tarde ou mais cedo acaba por ser aceite ou verifica-se que afinal estava correcto...

PS: este site tem ou procura ter (na sua devida dimensão e humildade) uma vertente pedagógica. Nesse sentido deixo aqui os links da Associação Vegetariana Portuguesa http://www.avp.eco-gaia.net/ e da Sociedade Portuguesa de Naturalogia http://spn.eco-gaia.net/ para consulta por parte dos leitores interessados. Os que querem permanecer ignorantes estão no seu pleno direito (no hard feelings!).

MULHERES DE 30 À BEIRA DE UM ATAQUE DE NERVOS?
Somos lindas (atenção que não o digo no sentido meramente físico), independentes, seguras de nós próprias, sabemos o que queremos (e mais importante, o que não queremos) e estamos sozinhas. Porquê?
É cada vez maior o número de mulheres na faixa etária dos 30 aos 37 anos que é independente (óptimo), que vive sozinha (tem as suas vantagens e os seus inconvenientes) e que não tem namorado ou alguém com quem partilhar as tristezas e alegrias da vida (o que é bom se é por opção, o que é mau se é por imposição da sorte madrasta).
É certo que as mulheres (finalmente!) perceberam que não vale a pena comprar um porco inteiro só para ter uma linguiça, mas convenhamos que também só com a linguiça não se vai longe…
Há certas coisas que, por muito boa que seja a linguiça, ela nunca nos vai dar: amor, carinho, compreensão, etc, etc…
Será que é precisamente por sermos mulheres independentes, seguras, inteligentes e, como tal, de aparência pouco frágil (mas atenção, porque é só mesmo aparência), os homens sentem-se ameaçados, inferiorizados, inúteis?
Será que é por ser cada vez mais difícil encontrar homens interessantes, sensíveis, que saibam falar sobre algo mais do que futebol, que tenham sentido de humor, que não sejam uns energúmenos?!?
Seja qual for o motivo, a verdade que à noite deitamo-nos numa cama fria e de manhã não temos ninguém a dizer que nos ama (apesar do nosso ar desgrenhado de quem acabou de acordar)...
Escrito a 30/12/07

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