sábado, junho 14, 2008

A (falta de) iniciativa
Perdoem-me, estimados leitores, porque há alguns dias que não é publicado nenhum texto neste bolg, mas estive a desfrutar (finalmente!!!) de uma semana de férias, com muito sol, muitos banhos de mar, muita fotossíntese...
[You missed me, I know, But I'm back again!]
Começo por um assunto que me tem interpelado o espírito por estes dias e que agora partilho convosco...
Iniciativa = acto de ser o primeiro a pôr em prática uma acção, uma ideia, etc. Isto de se ser o primeiro a dizer ou a fazer alguma coisa neste país não é tarefa fácil; é uma tarefa ingrata, inglória, tudo o que possam imaginar que tenha um "in" antes...
É frequente ouvirmos os portugueses a queixarem-se de alguma coisa (nunca de si próprios, curiosamente, à excepção das maleitas que os afectam) ou a criticarem o que quer que seja (do mais importante ao mais curriqueiro dos motivos). Mas o que é facto é que "cão que ladra não morde" e isso aplica-se-nos plenamente.
Por isso quando surge algum doido(a) - como eu, por exemplo - que tem a (infeliz) ideia de dizer o que toda a gente pensa mas não diz (porque não têm coragem de dizer?, porque têm medo do que os outros vão pensar?), é logo chamado(a) de revolucionário(a) - no meu caso, isso já sucede desde os tempos de faculdade, pelo menos que eu me lembre, talvez até antes...
O que eu sei é que alguém tem de ser o primeiro a tomar a iniciativa e se tiver de ser eu que seja, estou-me a cagar para o que os outros pensam ou deixam de pensar, se os vai incomodar ou não... O problema é que a maior parte dos portugueses não está habituado a que alguém irrompa do marasmo geral e tome uma atitude, e rapidamente apelidam essa "ingerência" de revolucionária... Este termo, que é utilizado para designar tudo aquilo que vai contra o estabelecido, tem uma conotação muito particular na sociedade portuguesa, que já vem desde os tempos pré-25 de Abril e pelos vistos está enraizado na nossa cultura...
Como eu já disse num post anterior, é difícil remar contra a maré - pois, muitas vezes, somos insultados, desrespeitados, incompreendidos - mas vá-se lá saber, é mais forte do que eu (decididamente, tenho uma veia masoquista e devia mas era ir ao psicólogo)...
That's all, folks! (Esta só vão perceber os que tiverem à volta de 30 anos)

3 comentários:

Anónimo disse...

Como eu te percebo! Aliás, já abordámos essa questão várias vezes... ;)
De facto os portugueses não estão habituados a reinvindicar os seus direitos. Ou melhor, não o fazem nas devidas instâncias. Só sabem armar confusão e gritar, mas quando chega a hora da verdade acobardam-se... :|
No meu blog tenho um post sobre a nossa triste forma de ser:

http://verbomistico.blogspot.com/2008/06/portugal-actual-o-medo-de-evoluir.html

E mais não digo porque já sabes qual é a minha opinião sobre esse assunto...


PS: És uma Che Guevara, versão feminina moderna... :)

fercris77 disse...

Hoje tb falámos as 2 sobre isto...o deixa andar, o acomodar à situação presente porque o futuro, a mudança pode ser pior.
Os filmes portugueses reflectem isso. Devagar...devagarinho...parado.

Anónimo disse...

"Ando perdida nestes sonhos verdes
De ter nascido e não saber quem ou,
Ando ceguinha a tatear paredes
E nem ao menos sei quem me cegou!

Não vejo nada, tudo é morto e vago…
E a minha alma cega, ao abandono
Faz-me lembrar o nenúfar dum lago
´Stendendo as asas brancas cor do sonho…

Ter dentro d´alma na luz de todo o mundo
E não ver nada nesse mar sem fundo,
Poetas meus irmãos, que triste sorte!…

E chamam-nos a nós Iluminados!
Pobres cegos sem culpas, sem pecados,
A sofrer pelos outros té à morte!"

Florbela Espanca - Cegueira Bendita

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