terça-feira, abril 29, 2008

Uvas sem grainhas
Por que será que hoje em dia há uma tendência generalizada para o facilitismo que até já chegámos ao ponto de ter uvas sem grainhas?
As adversidades, as dificuldades e os desafios fazem parte da vida - têm de fazer parte da vida - para darmos valor ao que é realmente importante, para sermos pessoas com mais carácter.
Como diz o jornalista Pedro Pinto na edição do jornal Metro - vida de pobre é assim, quem anda de transportes públicos não precisa de gastar dinheiro em jornais diários - os jovens de hoje são uma "Geração Amorfa: nada lhes interessa ou os entusiasma, nada os cativa para além do prazer imediato do telemóvel, da próxima saída ou da nova roupa. (...) Estão habituados a ter tudo e a lutar por muito pouco."
E o resultado? Uvas sem grainhas, o mesmo é dizer, pessoas sem substância...
A vida é uma luta constante, pois há imensos adversários, a começar por nós próprios. Nós somos os piores e os melhores adversários que podemos ter. Não devemos enjeitar esta condição, sob pena de nos tornarmos numa Humanidade Amorfa.

6 comentários:

Anónimo disse...

Excelente post. Gostei da tua abordagem.
Realmente o facilitismo resultante do exagerado consumismo está a atrofiar as novas gerações, pois cada vez menos se interessam pela realidade do mundo, estando a tornar-se demasiado egocêntricas. Por isso, vacilam à minima dificuldade...
A culpa também é dos nossos antecessores, os quais querendo dar o melhor para os seus, acabam por torná-los bastante dependentes.
Encaro com muita apreensão o futuro, pois esta geração playstation está mal preparada para a vida...

João Paulo disse...

Simplesmente fantásticos.

Brisa disse...

Este é um mal que não abarca só os jovens. Há muita gentinha por aí, com inteligência a arrodos, que por uma questão de gostosa conveniência prefere seguramente as uvas sem grainhas... descascadas e desgrainhadas pelos outros, claro!

fercris77 disse...

Amei a metáfora! Conheço tantas pessoas que nem sequer comem uvas por causa das graínhas que nem imaginas...ah, e algumas só gostam das uvas descascadas. Como diria a minha mãe, e o cu lavado com água das malvas, tb querem? Só falta...

Vanessa disse...

Facilitismo, facilitismo, facilitismo...facilitar e por que não dar? hoje em dia quase (se não for mesmo) tudo se dá, nada custa, apenas ter e (man)ter a dignidade, saber respeitar e sentir o ritmo dos outros...uvas sem grainhas para uma sociedade sem valores em que se transmite cada vez mais a ideia que é no facilitar a vida dos outros (e a nossa) que encontramos uma qualquer forma de bem-estar. O bem-estar tem de estar em nós primeiro, nos actos e na nossa consciência (para os poucos que ainda a têm e usam), o bem-estar não está nas coisas mas em nós e se eu estiver de mal comigo, acreditem, não há uva sem grainha que me valha.
Adorei este post, continua a postar moça...aguardo muitos mais posts.

Bruno Miguel Pinto disse...

Essa história da Geração Amorfa tem alguma coisa de verdade, mas o jornalista de que falas, por sua vez, deve ter pertencido à Geração Rasca (se tiver 30-35 anos). Eu acredito que hão-de deixar de ser amorfos, tipicamente quando acabarem os seus cursos e derem de caras com desemprego, as dificuldades de pagamento de casas e outros problemas semelhantes!

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