quarta-feira, maio 28, 2008

Regresso ao Passado
Hoje estava a ouvir a melhor rádio do Planeta (aqui pra nós que ninguém nos ouve, até os extraterrestres de outras galáxias devem estar sintonizados nesta estação emissora – 97.8 fm, pois não há concorrência possível) e eis senão quando é anunciada a vinda dos Rage Against the Machine a Portugal.
Há músicas e bandas que marcam uma geração e esta marcou a minha, em especial a música “Killing in the Name”.
Esta música representava (continua a representar?) a rebeldia inerente aos adolescentes/jovens, numa altura da vida em que temos vontade de ir contra tudo e contra todos, de partir tudo e em que estamos plenamente convencidos que nada nem ninguém nos vai parar. Depois vivemos mais uns anos, amadurecemos e chegamos à brilhante conclusão que é muito difícil (pra não dizer impossível ou que é “suicídio” puro) remar contra a maré, seja ela a nossa família (para o bem e para o mal), a sociedade em que nos inserimos (quer queiramos, quer não), o mundo em que vivemos (pleno de injustiças, animosidades, violência e de pessoas execrandas), a nossa condição humana (temos um princípio, um meio e um fim, inevitavelmente). Todavia, apesar de ser difícil remar contra a maré, podemos sempre tentar fazer a diferença de algum modo, não de forma destrutiva (como na adolescência), mas de forma construtiva (pela vida fora). Dá trabalho (dá muito trabalho mesmo), mas como nunca fui apologista do facilitismo… E até pode ser que recompense, nem que seja a “self satisfaction” de que pelo menos se tentou…
Pequena reflexão espontânea da hora de almoço

Parece que o Mourinho vai (finalmente!) embora de Portugal para Itália para treinar o Inter de Milão...

Perdoem-me a minha ignorância, mas nunca percebi porque é que chamam "special one" a esse senhor...

"Special Ones" são as pessoas que acordam todos os dias às 6 ou 7 da manhã (algumas até mais cedo) para ir trabalhar e receber no final do mês uns míseros 500 ou 600 euros (que têm de ser muito bem geridos) e que fazem das tripas coração para poder sobreviver!

"special one" a ganhar milhares de euros por mês e a ser apaparicado por todos como se fosse Luís XIV, o Rei (arrogante) Sol? Poupem-me!

sexta-feira, maio 23, 2008

Só existimos nos dias que fazemos.
Nos dias em que não fazemos, apenas duramos.
Padre António Vieira
10 anos depois…
Comemoram-se este ano os 10 anos de um dos acontecimentos mais marcantes do século XX a nível nacional: a Expo 98.
[Como é que já passaram 10 anos?!?]
“Eu estive lá” (na altura ainda não havia o Rock in Rio) e pude constatar in loco as mudanças significativas que a zona oriental de Lisboa sofreu para receber tão importante efeméride que deu uma projecção a Portugal só comparável à do mundial de 2006. Tive o privilégio de visitar os vários pavilhões, de andar no teleférico, de subir ao topo da Torre Vasco da Gama e de contemplar aquela vista soberba, de esperar 2h e meia para poder entrar no Oceanário… Lembro-me do espanto que me causaram a famosa “pala” do Pavilhão de Portugal, que hoje passa quase despercebida aos olhos dos transeuntes, o Pavilhão da Utopia (hoje, Pavilhão Atlântico) que mais parecia uma nave espacial acabada de aterrar à beira Tejo e a Estação do Oriente, da autoria de Calatrava, que não deixa de ser uma obra de arquitectura interessante, apesar de alguns defeitos que os utentes da referida estação lhe apontam. Nunca mais me esqueci da inauguração da Ponte Vasco da Gama – a maior da Europa naquela época: um gigantesco almoço, patrocinado por uma conhecida marca de detergentes de lavar loiça, que entrou para o livro dos recordes do Guiness (só mesmo em Portugal para se inaugurar uma ponte a comer uma feijoada!). Inesquecível foi também o dia do encerramento: milhares e milhares de pessoas (eu incluída, embora não gostasse, e continuo a não gostar, de multidões ou de grandes ajuntamentos) assistiram ao espectacular fogo-de-artifício num tempo em que havia dinheiro pra essas coisas… Depois da realização da Expo 98, a grande questão era o que iria acontecer àquele novo espaço dos alfacinhas e habitantes da grande Lisboa: iria cair no esquecimento e no abandono ou continuaria a ser um lugar de referência da capital? Felizmente que hoje, passados 10 anos, não obstante vários problemas que subsistem, há pessoas que vivem, estudam, trabalham, fazem compras, passeiam, assistem a concertos ou a espectáculos de dança, jogam nas slot machines, cantam e dançam no que se chama hoje Parque das Nações.
Houve um outro acontecimento verdadeiramente marcante nesse ano, mas esse de carácter pessoal: a morte da minha avó. Até então (a minha avó morreu no dia 10 de Julho de 1998, um mês antes de eu fazer 21 anos), nunca tinha morrido ninguém que me fosse tão próximo, tão importante e estruturante. Já tinha ido a vários funerais, infelizmente, mas nenhum teve o impacto e a dimensão que este teve, porque quem acabara de morrer era a MINHA AVÓ – a pessoa que me criou, que tomou conta de mim, que me amava incondicionalmente, que me deu com a colher de pau nas alturas em que era preciso (e eu não fiquei traumatizada por isso), que fazia comigo longos passeios, que me levava ao Parque Eduardo VII para apanhar pinhões, visitar a Estufa-fria ou andar naqueles baloiços fabulosos que lá havia, que me comprava farturas na Feira Popular, que me dava pão para os patos dos lagos da Gulbenkian, que jogava comigo às cartas, que me dava chá com torradas ao lanche quando eu chegava da escola (eu odiava leite e na altura não existiam, felizmente, os bolicaos, os donuts e as porcarias que hoje existem), que me dizia que eu estudava demais, que sofria com saudades minhas quando eu ia de férias com as minhas amigas, que me apoiava em tudo, que me consolava quando eu estava triste…
[Como é que já passaram 10 anos desde que partiste, “vó”? Parece que sinto mais a tua falta hoje do que há 10 anos!]
Foi difícil todo o processo por que tivemos de passar até à tua decadência e morte.
Eu conheci a minha avó ainda no “auge” da sua curta vida. Era capaz de mudar de sítio, sozinha, os móveis todos da casa, de maneira que, quando eu chegava a casa da escola, já estava tudo diferente e eu adorava isso (ainda hoje gosto de mudanças, desde que sejam pra melhor, claro)! Sempre admirei muito a minha avó, pois era uma mulher corajosa que, contra tudo e contra todos (família incluída), saiu de casa com uma filha nos braços para não aturar um marido bêbado que lhe batia, partia as coisas e deixava dívidas em todo o lado. Era uma trabalhadora e uma lutadora incansável, nunca deixou que nada faltasse à minha mãe. Era extremamente organizada no que diz respeito ao dinheiro e eu herdei isso (quem tem pouco, tem de gerir muito bem o pouco que tem), assim como a capacidade de fazer contas de cabeça (quando chego à caixa do supermercado, normalmente já sei quanto é que vou pagar! I’m freak, I know…).
No dia em que a minha avó entrou pela última vez no hospital, eu (pres)senti que ela já não sairia dali com vida e no dia anterior à sua morte, eu desejei que ela morresse, pois o seu sofrimento era demasiado. Eu não podia ser egoísta ao ponto de desejar que ela continuasse viva, nem queria ser masoquista ao ponto de continuar a vê-la toda entubada, por muito mais tempo, ali naquela cama de hospital… Já tinha sofrido demais…. A vida tinha-lhe sido madrasta o suficiente.
Obrigada “vó”, por tudo o que fizeste por mim, por tudo o que me deste (não me refiro a coisas materiais), por teres tornado a minha infância uma infância feliz que eu recordo com saudade e carinho.

domingo, maio 18, 2008

A idade da consciência
Ontem foi dia de benção das fitas em Lisboa. Calhou cruzar-me com duas felizes contempladas no eléctrico e enquanto olhava para os seus rostos jovens, cheios de esperança e de sonhos, pensava que também eu já tinha passado pelo mesmo ritual, que também eu já tive um rosto jovem, cheio de esperança e de sonhos...
Os anos passaram. O meu rosto continua a ser jovem (pelo menos por enquanto), continuo a ter esperança num mundo melhor, numa vida melhor (que não passa necessariamente pela aquisição de bens materiais), continuo a sonhar com o príncipe encantado ou desencantado (eu pelo menos gostava de o desencantar nalgum sítio), mas de certo modo perdi a inocência desses tempos e hoje tenho consciência de que, citando uma grande e sábia amiga minha,
"[nem] todas as pessoas são bem intencionadas ou «não fazem por mal». A vida provou-nos exactamente o contrário. Quanto mais velhos, mais gente cínica conhecemos, mais traídos somos nas nossas expectativas de vida, pelas pessoas e por muitas outras coisas; que um dia tudo fica bem. Eu e a Patrícia sabemos que não existem tesouros ao fundo do arco-íris. Talvez não faça mal acreditar nisso. Mas nós não acreditamos que velhas ordens se recomponham. Podem aparecer, isso sim, em forma de uma nova ordem pós-caótica, mas que nada tem a ver com a anterior. Por isso não temos vidas nada parecidas àquelas que tínhamos na faculdade; que perder as pessoas é das maiores lições de vida que temos de aprender a gerir, sobretudo se essas pessoas nos orientavam e eram parte integrante do nosso coração; que podemos perder tudo de um momento para outro, e isso é muito difícil de aprender. Mais uma vez, aprendemos que rapidamente a ordem estabelecida, ou a tentativa de o fazer, pode gorar, ruir; não acalentamos grandes expectativas quanto às pessoas. Só dá desgostos desnecessários. Sabemos que as outras pessoas nem sempre pensam ou sentem o mesmo que nós."
É fundamental termos esta consciência e não estou a querer dramatizar, simplesmente constato que há certas ilusões que são desnecessárias, ao passo que há outras que devemos acalentar, porque são elas que, muitas vezes, nos fazem seguir em frente.
Agradecimento
Quero expressar o meu mais sincero agradecimento às pessoas que têm deixado comentários a alguns dos meus posts, não pelo facto de dizerem "bem", mas pelo facto de deixarem a sua opinião, o que para mim é muito importante. Não há nada que mais nos ajude a "evoluir" do que a troca de ideias e de pontos de vista. De que vale passarmos por este mundo se nos mantemos sempre na mesma, isto é, se pensamos sempre da mesma maneira, se nos mantemos agarrados a certos preconceitos, se não respeitamos o que é diferente de nós?
No seguimento da vertente pedagógica que este blog pretende ter, recomendo vivamente o link que dá título a este post.
Actualmente a nossa vida é tão mecânica (não deixa de ser curioso que um sinónimo para esta palavra é "artificial") e tudo o que fazemos, desde que nos levantamos até que nos deitamos, é tão automático e está tão interiorizado que nem pensamos no como e no porquê das "coisas".
Mas era bom que começássemos a questionar esse "tudo", pois cada gesto, por mais ínfimo que seja, tem consequências. A verdade é que o ser humano, em nome do seu bem-estar e conforto, consome qualquer coisa que lhe facilite a vida, só que entretanto vai destruindo o planeta a um ritmo alucinante, sem precedentes, e que eu saiba, não existe mais nenhum planeta habitável, por isso se dermos cabo deste...
Como diria a personagem Jack Dawson, intrepretada por Leonardo DiCaprio no Titanic, a vida é um dom que não devemos desperdiçar. É melhor começarmos a agir quanto antes, se não que planeta vão herdar os nossos filhos e os nossos netos? Não é justo que as gerações actuais comprometam o futuro das gerações vindouras. Elas têm tanto direito como nós de viver na Terra e de usufruir do dom que é vida.

Acerca de mim

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Things that I love: friendship, kindness, devotion, learn new things, meet new people, a nice conversation, a good laugh, a cup of ginger tea, feel the sun in my face, contemplate the sea. Things that inspire me: people and their achievements*, quotes that bring light into my life*, music, poetry, new beginnings. *including mine