quarta-feira, fevereiro 21, 2007

A Perda da Identidade Humana
Se há coisa que prezo na vida é a minha identidade (e obviamente a dos outros).... Saber que não existe mais ninguém no mundo igual a mim, quer física quer psicologicamente, é reconfortante e ao mesmo tempo um desafio e uma responsabilidade... Por isso, eis o meu espanto quando ouvi há dias comentar que agora anda por aí uma moda de as pessoas fazerem plásticas para serem iguais a alguém famoso, por exemplo, à Britney Spears... Inclusive os orientais querem mudar os seus traços característicos e tornarem-se mais "ocidentais"...
Mas o que é que se passa com as pessoas? Afinal, por que será que não há um único ser humano neste planeta com uma impressão digital igual? Por algum motivo há-de ser...
Qual é a piada de alguém ficar igual à Britney Spears? Por que não tiram proveito daquilo que já têm que é único e original?
Já não basta vivermos na era da globalização dos hábitos de vida a todos os níveis (no que comemos, no que vestimos, no que fazemos nos tempos livres), agora vem esta moda da globalização "física"?
Isto é assustador, porque a seguir à globalização "física" pode muito bem surgir a globalização "psicológica"... Que interessante seria pensarmos todos da mesma maneira! Nem Hitler teria pensado numa coisa dessas nos seus "wildest dreams"...
A riqueza da Humanidade, quanto a mim, reside na diversidade: de lugares, de climas, de culturas, de raças... Estamos a pôr em risco essa riqueza em troca de quê? De uns momentos de autoglorifcação? Status social? Compensação de frustrações (se elas existem, elas continuarão lá, mesmo com o aspecto da Britney Spears)?!?
Neste contexto "futurista" deixará de fazer sentido viajar, porque iremos aos Estados Unidos e só veremos Britney Spears a cada esquina e nem vale a pena fazer não sei quantas horas a ir para o outro lado do mundo porque só vamos encontrar pessoas com olhos redondos...
Cada ser humano é único e irreptível. Só existiu um Picasso, só existiu um Fernando Pessoa, só existiu uma Amália Rodrigues, só existiu/existe tanta e tanta gente que permaneceu/permanece no anonimato, mas nem por isso deixou/deixa de ser menos válida para a grande família humana...

sábado, fevereiro 03, 2007

O pomo da discórdia
Bem sei que já tinha publicado neste meu blog um texto relacionado com a questão do aborto, mas não resisto a voltar a este assunto, até porque o referendo é já daqui a alguns dias...
Devo dizer que reequacionei a minha visão sobre este tema que tantas divergências e posições radicalizadas tem suscitado.
Quer os defensores do "não" quer os defensores do "sim" apresentam argumentos (mais ou menos) válidos para justificar as suas posições, porém, nem o "não" nem o "sim" constituem solução para este problema que afecta de forma bem real a sociedade portuguesa.
Se o "não" ganhar, não é por isso que se vão deixar de se fazer abortos, em certos casos feitos em condições deploráveis...
Se o "sim" ganhar, não acredito que se erradique de uma vez por todas o aborto clandestino... A verdadeira solução para este problema reside apenas numa única e simples questão: a educação.
Se as pessoas - mulheres e homens - estiverem devidamente informadas e forem devidamente educadas, acredito que o aborto diminuirá drasticamente e arrisco a dizer que só será feito em situações excepcionais. Todavia, caso estas surjam, creio que deverá sempre caber à mulher a última palavra sobre o que ela considera melhor para si em determinado momento e em determinadas circunstâncias. A mulher deve ter o direito de decidir sobre si - é isso que nos distingue dos animais irracionais: a capacidade de pensar, de decidir, de optar - e não, só porque é "jovem e saudável", ser obrigada a ter um filho e quando não o quer ter ainda ser penalizada por isso.
Portanto: implemente-se de uma vez por todas - sem margem para hipocrisias - o ensino sexual nas escolas, porque, como sabemos, os jovens iniciam a sua vida sexual cada vez mais cedo e devem estar informados não só sobre como evitar uma gravidez indesejada, mas também como evitar as doenças sexualmente transmissíveis e o temível HIV (SIDA); facilite-se, o mais possível, o acesso às consultas de planeamento familiar e aos métodos contraceptivos, mesmo nas escolas, pois há muitos jovens que não se dirigem aos centros de saúde ou não vão a uma farmácia comprar preservativos porque têm medo/vergonha que os pais, os vizinhos, os amigos saibam; organize-se sessões de esclarecimento sobre contracepção em Juntas de Freguesia, em escolas, em bairros sociais desfavorecidos; crie-se uma unidade móvel que vá ao encontro das pessoas, mesmo nos lugares mais remotos de Portugal, porque também lá as pessoas precisam de ser esclarecidas e ajudadas; divulgue-se um site, da responsabilidade do ministério da saúde em parceria com o ministério da educação e outras entidades, que possa responder às dúvidas de quem o consultar.
Todas estas propostas são medidas concretas que visam solucionar a médio/longo prazo o problema do aborto em vez de perder tempo com discussões sobre quando começa a vida, se é às 5, 10, 15 ou 20 semanas...
É muito mais fácil para o governo fazer um referendo para "lavar as suas mãos" como Pilatos do que levar a cabo medidas sérias como, por exemplo, para além destas que mencionei, proporcionar melhores condições de trabalho e de vida aos Portugueses para que estes possam ter (mais) filhos, incentivar ao crescimento da taxa de natalidade através do aumento significativo dos abonos de família que, neste momento, não dão sequer para as fraldas, proporcionar uma educação básica realmente "gratuita" na prática e não apenas no papel.
Talvez assim possamos estar no bom caminho para evitar uma situação que se repete dia após dia e para a qual um mero "não" ou um mero "sim" não são de certeza a solução mais viável...

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Things that I love: friendship, kindness, devotion, learn new things, meet new people, a nice conversation, a good laugh, a cup of ginger tea, feel the sun in my face, contemplate the sea. Things that inspire me: people and their achievements*, quotes that bring light into my life*, music, poetry, new beginnings. *including mine