A fauna humana em geral é muito interessante, mas a fauna humana portuguesa, em particular, é ainda mais interessante. Nós, portugueses, sofremos do síndroma de nos criticarmos a nós próprios e de elogiarmos constantemente o que é estrangeiro. "Lá fora é que é bom" ouve-se dizer da boca de muita gente (eu própria já disse/digo isto).
Ora, acho que está na altura de todos nós fazermos um mea culpa e em vez de ficarmos só pelas palavras/críticas passarmos à acção. Talvez fosse boa ideia cada um de nós pensar "O que é que posso fazer para melhorar o país?". É claro que é muito mais fácil criticar e apontar os defeitos (que são muitos, é verdade) do que agir e mudar o que está mal; é mais fácil "fugir" para o estrangeiro porque "o país já não tem solução", "não vale a pena", "aqui não se consegue evoluir", "eu sou bom/boa demais para estar aqui"; é mais fácil atirar as culpas pra cima dos outros, embora todos tenhamos culpas no cartório. Sim, todos, mesmo as mentes mais "iluminadas", eu atrever-me-ia a dizer, sobretudo as mentes mais "iluminadas", aquelas que puderam prosseguir os estudos e que ganham um ordenado acima da média. Temos de ser realistas: não são as pessoas que têm pouca instrução (algumas porque não se quiseram dar ao trabalho, é certo, mas outras porque as circunstâncias da vida não o permitiram) e que recebem o ordenado mínimo nacional que vão operar as mudanças (tão necessárias!) neste país - sobretudo, as de mentalidade que, a meu ver, são as mais prementes. Essas pessoas podem e devem contribuir, mas o exemplo tem de vir daqueles que têm consciência da realidade e que se encontram mais apetrechados para levar a cabo essa transformação.
Reiterando as minhas próprias palavras proferidas em posts anteriores... Nunca fui adepta do facilitismo, e sei que é difícil remar contra a maré, por isso mesmo é que aqui é o lugar ideal para se fazer alguma coisa de significativo. Aqui, onde as condições são adversas, e não onde nos dão todas as condições e mais algumas. Aqui é que se colocam os verdadeiros desafios. Falta saber se estaremos à altura de os enfrentar (i.e., se teremos a coragem e/ou a paciência)...
3 comentários:
"Ask not what your country can do for you -
ask what you can do for your country." (John F. Kennedy)
Essa atitude tem a ver com o facto de termos um elevado défice de auto-estima, o qual é acentuado pela nossa natural tendência para o derrotismo.
Ultimamente tenho reparado que no seio das novas gerações existe uma ânsia de emigrar, pois acham que Portugal não lhes oferece nenhumas perspectivas de vida. É uma ilusão, pois lá fora também existem as mesmas dificuldades que aqui...
Acho que elas desaprenderam a lutar pela vida, como fizeram as gerações anteriores, sobretudo a dos nossos pais e dos nossos avós. Só pensam na sua ascensão social, de preferência rápida e sem sacrifícios, por isso acham que a podem miraculosamente encontrar no estrangeiro...
Acho que, teoricamente, tens razão no que dizes. Se houver um apurado sentido crítico em relação à governação, os governos são melhores. Em Portugal, talvez tenhamos de esperar uns largos anos para que a nossa auto-estima se eleve, mas também o nosso nível cultural (que implica um sentido de cidadania)...
Ora não poderia concordar mais contigo, aliás tal como tu já tive a oportunidade de pensar este tema numa crónica e pelos vistos não sou a única a ver o estado da nação desta forma. Somos demasiado inseguros, derrotistas, pessimistas e sobretudo...sebastianistas. Não nos queremos mexer para, de facto, mudar a (des)ordem das coisas mas no fundo, de uma forma talvez inconsciente, esperamos que venha um qualquer salvador (seja ele um fundo europeu ou 1 novo líder político) para trazer maior prosperidade a este nosso pequeno rectâgulo. O que temos de perceber é que é em nós que nos temos de focar: instruirmo-nos, informarmo-nos, tornando-nos seres mais conscientes e despertos para os diferentes desafios com que nos temos de deparar.
P.S. Estou a gostar deste fluxo de postagens eh eh. Beijinhos.
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